quinta-feira, 19 de março de 2015

Dosimetria por Geis (Parte II)


A dosimetria por gel Fricke desenvolvida por Gore e colaboradores (GORE et al., 1984) tinha a finalidade de registrar valores de dose através de um dosímetro que modificasse a sua estrutura molecular quando sofria interações com a radiação X, por exemplo. A alteração molecular seria proporcional à dose aplicada, sendo possível à visualização do volume de gel irradiado através da ressonância magnética (RM). Esta associação tornou-se uma ferramenta promissora, a qual satisfaz os requerimentos para um sistema de dosimetria ideal. Diferentemente dos outros métodos de dosimetria, a dosimetria por gel Fricke associada à RM para a geração de imagens do gel irradiado é totalmente não invasiva, além de não ser necessário remover parte do material irradiado para testes pelo fato do gel ser uma forma de detecção da radiação (GORE et al., 1984, APPLEBY et al.,1987, OLSSON et al., 1989).

Porém, a desvantagem na utilização do gel Fricke é a rápida difusão dos íons férricos pela região da solução dosimétrica. Desta forma, ocorre uma perda na resolução espacial e na exatidão da dose depositada em uma determinada área do gel dosimétrico (MARYANSKI et al., 1993).

Como solução para este processo de difusão, Maryanski (MARYANSKI et al., 1993) propôs a dosimetria utilizando gel polímero. Este material seria equivalente ao tecido humano e possuiria uma maior estabilidade dimensional e temporal com o registro de dose quando comparado ao gel Fricke (MARYANSKI et al., 1994).

Associado a utilização de equipamento para imageamento em tomografia computadorizada e ressonância magnética, protocolos podem ser desenvolvidos para a obtenção de imagens através da diferença de densidade causada pela polimerização induzida pela radiação X (tomografia computadorizada) e pela diferença dos tempos de relaxamento T1, T2 e densidade em prótons para a região polimerizada e não-polimerizada em RM. Através das imagens geradas, também é possível avaliar a distribuição de dose registrada no gel irradiado.

Com o gel polímero pode-se futuramente utilizá-lo preenchendo o interior de fantomas anatômicos para a simulação de tratamentos (radiocirurgia estereotáxica e radioterapia conformal ou convencional, por exemplo), onde estes possuam uma localização ou volume tumoral muito complexo.

As distribuições de dose calculadas com os softwares de planejamento de tratamento utilizados nos serviços de radioterapia podem ser eficientemente verificados no dosímetros políméricos, permitindo analisar as distribuições de dose geradas pelos equipamentos de tratamento disponíveis.

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Prof. João H. Hamann 

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